Impressionante o crescimento recente do numero de praticantes de corrida de rua no Brasil. Eu mesmo confesso que há cerca de dois anos me tornei um adepto desta prática.
Há alguns meses fui convidado por amigos para um treino leve na USP. Estava em SP e achei por bem me juntar a eles no “treininho” de sábado pela manhã. Lá chegando fiquei embasbacado com a quantidade de pessoas que estavam treinando nas ruas e avenidas da universidade. Sem contar as equipes de apoio.
Diversos carros e mini vans estacionados, devidamente adesivados com a logomarca de empresas de assessoria esportiva ou com o nome do treinador. Barris de água e bebidas isotônicas à vontade, profissionais e estagiários de educação física, fisioterapia, nutrição e mesmo psicologia. Conversando com alguns dos presentes, os quais não compartilhavam da minha surpresa, descobri que aquele crescimento já não era tão recente. Ao realizar uma busca na internet deparei-me com um numero absurdamente grande de provas (a maioria de 10 KM) distribuídas ao longo do ano.
Em uma revista especializada li uma matéria que afirmava que existem cerca de 4 milhões de praticantes no Brasil. Tal número e o montante de dinheiro (cerca de 4,5 bilhões de reais!) movimentado por ano neste segmento justificaram a realização da Running Show, em agosto do ano passado, no Anhembi/SP. As democráticas corridas de rua nas quais todas as classes sociais podem participar também já ganham sinais da desigualdade social: recentemente corridas corporativas ou voltadas para classes mais abastadas começaram a ser organizadas.
De volta a BH, onde resido atualmente, comecei a prestar atenção e pude perceber o inicio do movimento já estabelecido em SP: mini vans, profissionais e estagiários nas ruas dando suporte aos corredores. Novamente na internet pode-se perceber a ocorrência do mesmo fenômeno, tanto em capitais estaduais quanto em cidades de porte médio. Empresas e prefeituras atentas ao fenômeno organizam provas com a finalidade de divulgar suas marcas e localidades, abrindo as portas para o turismo e para o consumo.
Como podemos explicar tal fenômeno? Parece que a conscientização da necessidade de atividade física regular, em oposição ao estilo de vida ultra estressante e sedentário, tomou conta de boa parte de nossa população. Diria, também, que o fluxo de pessoas em direção as academias e atividades indoor não é capaz de conquistar todos. A preferência por atividades ao ar livre, somada a facilidade operacional da corrida facilitou as coisas. Em tese bastam roupas adequadas, um tênis razoável e orientação médica e de treino competentes. Note que o inicio da atividade física pode ser motivada por diversos fatores: recomendações médicas, auto estima, manutenção da forma física, status de “atleta”,….Note, também, que o inicio, o enfrentamento da inércia, pode não ser fácil. A manutenção do treinamento também não é. Porém para aqueles que se mantêm firmes os benefícios (desde que respeitadas as normas de um treinamento saudável) são muitos.
A necessidade de disciplina pode ser um grande ganho já que se torna necessário manter uma boa alimentação, sono adequado, rotinas de treino…Tal disciplina não só afeta a rotina diária do praticante como pode se tornar fonte para o aprendizado de habilidades importantes para outras atividades. Há o beneficio também de melhora de auto estima e de disposição física. Talvez tudo isso possa dar indícios do porque desta pratica estar se tornando tão popular. E você? Vai ficar ai parado?