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Transtorno do pânico é mais comum em dependentes de drogas

Os dependentes de substâncias psicoativas lícitas (álcool) e ilícitas (maconha, cocaína, crack etc) têm cinco vezes mais possibilidades de desenvolver TP (transtorno do pânico) do que a população em geral, na qual a prevalência do distúrbio gira em torno de 3%. A descoberta foi feita pela psicóloga Maria Piedade de Araújo Melo, em tese de doutorado apresentada à Faculdade de Ciências Médica da Unicamp.
Os dependentes de substâncias psicoativas lícitas (álcool) e ilícitas (maconha, cocaína, crack etc) têm cinco vezes mais possibilidades de desenvolver TP (transtorno do pânico) do que a população em geral, na qual a prevalência do distúrbio gira em torno de 3%. A descoberta foi feita pela psicóloga Maria Piedade de Araújo Melo, em tese de doutorado apresentada à Faculdade de Ciências Médica da Unicamp.
A pesquisa, realizada junto a 163 pacientes do Criad (Centro de Referência e Informação em Alcoolismo e Drogadição), em Campinas, apontou ainda que a chance dessas pessoas experimentarem um ataque de pânico durante o uso da droga é de 7,97%. “O diagnóstico contribui para um tratamento mais adequado e um prognóstico mais realista”, afirma a psicóloga.

Dos pacientes investigados, 143 eram homens e 20, mulheres. A idade variou entre 18 e 64 anos. Segundo a psicóloga, 25 pessoas apresentaram TP, sendo que 12 sem agorafobia (medo de lugares públicos) e 13 com agorafobia. “Um dado que chamou a atenção é que o uso de álcool está presente em todos os casos de TP, na maioria das vezes associado a outras substâncias. Apenas em quatro deles é que a bebida surge como única droga consumida”, aponta a autora da tese.

Entre os pacientes com TP, houve um equilíbrio em relação aos gêneros. Ou seja, o problema atingiu, proporcionalmente, homens e mulheres em patamares semelhantes. Pelos dados internacionais, o distúrbio é mais comum entre representantes do sexo feminino. “Muito provavelmente, isso se deveu ao reduzido número de mulheres tomadas para estudo”, diz.

Os solteiros, diz ela, parecem ser mais suscetíveis ao problema do que os casados, numa proporção de dois para um. “Embora não seja possível fazer afirmações conclusivas, esse dado indica que a estruturação familiar possivelmente interfere no surgimento ou não de determinados comportamentos e patologias.”

Religião e emprego

A pesquisa de Melo também apurou que a presença de TP entre evangélicos e pacientes de outras religiões é um pouco menor do que entre os que afirmaram não manter vínculo com qualquer instituição do gênero.

“Aqui, não se pode afirmar que foi encontrada contribuição da religião para a ausência do pânico, mas também não é possível concluir o contrário”, afirma.

O índice de pessoas sem ocupação encontrado no grupo que apresenta o distúrbio foi significativo. Quanto a isso, a pesquisadora afirma que os dados não permitem uma discussão sobre a incapacitação causada pela dependência de drogas e/ou pelo TP. “Entretanto, não há dúvida de que as comorbidades (doenças paralelas) interferem na qualidade de vida desses indivíduos.”

Em sua pesquisa, Melo também apurou que os pacientes com TP passaram a apresentar os ataques de pânico depois que começaram a se drogar. Ela verificou que, quanto menor o tempo de consumo de substâncias psicoativas, maior a presença de TP e vice-versa.

Contribuição

De acordo com o professor Evandro Gomes de Matos, que orientou a psicóloga, o trabalho de sua aluna pode vir a ser uma valiosa ferramenta para os profissionais de medicina.

“Trata-se de um instrumento cuja metodologia é relativamente simples de ser aplicada por pessoas bem treinadas. Ele poderá ajudar a tornar os diagnósticos mais precisos”, afirma.

Melo lembra que o método aplicado na pesquisa é novo no Brasil, mas vem sendo muito usado na Europa e Estados Unidos. “A partir dos nossos dados, teremos condições de comparar a realidade de lá com a daqui, o que certamente vai enriquecer o conhecimento acerca dos diversos aspectos que envolvem o consumo de drogas lícitas e ilícitas.”

Fonte: [url=http://www.antidrogas.com.br/mostranoticia.php?c=1691&msg=Transtorno%20do%20p%E2nico%20%E9%20mais%20comum%20em%20dependentes%20de%20drogas]Site Antidrogas[/url]

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