Termo tirado da obra do antropólogo LévyBrühl. Usava-o para se referir a uma forma de relacionamento com um objeto (significando "coisa") em que o sujeito não pode distinguir-se da coisa. Apóia-se na noção, que pode prevalecer numa cultura, de que a pessoa/tribo e a coisa – por exemplo, um objeto de culto ou artefato sagrado – já estão ligados. Quando se entra no estado de participation mystique, essa ligação ganha vida.
Jung usou o termo a partir de 1912 para referir relações entre pessoas em que o sujeito, ou parte dele, obtém uma influência sobre o outro, ou vice-versa. Em uma linguagem psicanalítica mais moderna, Jung estava descrevendo uma identificação projetiva em que uma parte da personalidade é projetada no objeto, e o objeto então é experimentado como se fosse o conteúdo projetado com o qual o agente se identifica.
A participation mystique ou identificação projetiva são defesas precoces que também aparecem na patologia adulta. Possibilitam ao sujeito controlar o objeto externo ou "matizá-Io" de acordo com o ponto de vista do seu mundo interno. Desse modo, a herança arquetípica exerce sua influência sobre o mundo externo, de forma que podemos falar de experiência subjetiva ou de um meio ambiente subjetivo. Nas circunstâncias do dia-a-dia, a participation mystique pode ser a condição em que duas pessoas podem antecipar as necessidades da outra, concluir as decisões da outra, cada qual dependendo da outra para se tornar o que ela é.