Palavras, frases, expressões que só têm significado para quem fala e para nenhuma outra pessoa. Ao ouvir pacientes esquizofrênicos, o clínico psi depara-se comumente com exemplos de linguagem irrelevante. No decurso de uma locução que seria inteiramente inteligível, o paciente diz uma palavra, frase ou mesmo uma sentença que nada transmite ou comunica ao clínico. O paciente tem uma compreensão clara do que a sua locução significa para ele próprio, pois é sua própria criação – foi ele quem a compôs. Segundo Kanner, exemplos de linguagem irrelevante ocorrem "na linguagem da esquizofrenia e nos primórdios do autismo infantil". Ele assinala que as expressões irrelevantes, "embora peculiares e deslocadas na conversação ordinária, estavam longe de ser destituídas de sentido. Algumas palavras ou frases eram substituições metafóricas". Kanner cita o seguinte exemplo em que uma expressão irrelevante de uma criança autista foi atribuída a uma fonte mais antiga: "Jay S., de quatro anos incompletos, referia-se a si mesmo como 'Blum', sempre que a sua veracidade era posta em dúvida por seus pais. Isso foi explicado quando Jay, que sabia ler fluentemente, apontou certa vez um anúncio de uma loja de móveis, em letras grandes, que dizia: 'Blum diz a verdade'. Como Jay dissera a verdade, ele era Blum."