O conceito de que o homem é livre para dispor de sua própria vontade; de que ele pode escolher entre alternativas de tal maneira que a escolha não seja influenciada por fatores estranhos ao seu controle consciente.
Discutindo a questão do livre-arbítrio e de seu oposto, o determinismo, Ernest Jones escreve: "Um dos argumentos psicológicos contra a crença num completo determinismo mental é a convicção intensa de que dispomos de uma escolha perfeitamente livre no desempenho e execução de muitos atos. Essa convicção deve ser justificada por alguma coisa, mas, ao mesmo tempo, é inteiramente compatível com um determinismo completo. É curioso que freqüentemente não seja preponderante em decisões importantes e graves. Nessas ocasiões; tem-se muito mais a sensação de estar sendo irresistivelmente impelido numa determinada direção (comparar com a frase de Lutero, "Aqui estou e outra coisa não posso fazer"). Pelo contrário, é nas resoluções triviais e indiferentes que uma pessoa está mais certa de que poderia ter agido de outro modo, de que agiu com base num livrearbítrio não-motivado. Do ponto de vista psicanalítico, o direito a esse sentimento de convicção não é contestado. Significa apenas que a pessoa não se apercebe de qualquer motivo consciente. Entretanto, quando a motivação consciente se distingue da motivação inconsciente, essa convicção nos ensina que a primeira não abrange todas as nossas resoluções motoras. O que fica livre de um lado recebe o seu motivo do outro – do inconsciente – e, assim, o determinismo físico se realiza impecavelmente. Um conhecimento da motivação inconsciente é indispensável, mesmo para uma discussão filosófica do determinismo." A inter-relação de processos mentais conscientes e inconscientes fornece a chave para o problema do determinismo psicológico.