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Dicionário

‘Eigenwelt’

Um dos três modelos de conduta do Dasein: Eigenwelt

É o mundo-do-si-mesmo. O autoconhecimento é uma qualidade exclusiva dos seres humanos, a qual conduz ao sentimento de autoidentificação. Este muda constantemente, mas forma uma série habitual de modelos de respostas autoidentificadoras e autovalorativas que podemos chamar de ser-em-si-mesmo.

O Eigenwelt, ou mundo-do-si-mesmo, tem também duas formas possíveis: (a) a forma singular, e (b) a forma anônima.

(a) Forma singular – respondemos aos acontecimentos segundo eles se relacionam com minha identidade, com minhas respostas habituais autoidentificadoras e autovalorativas. Segundo este modelo de conduta, vemos o mundo de nossa perspectiva de acordo com os significados pessoais ou auto-referentes, e desta maneira orientamos nossas respostas aos eventos externos. Por exemplo:

Por que compro este quadro? _ Porque creio que é belo.

Por que vou à Universidade? _ Porque quero aprender.

Por que escuto música? _ Porque ela faz parte de minha vida.

Toda conduta tem a qualidade de minha mesmidade, tem o selo de minha personalidade. O sentido-de-si-mesmo se forma gradualmente ao longo da infância e continua estendendo-se ao compasso da experiência, à medida que se torna maior o círculo de participação do indivíduo.

Para a pessoa existencialmente amadurecida a vida é algo mais que comida, bebida, segurança e sexualidade. É mais do que poder explicar-se pela mera redução de tensões. O campo psi existencial está, pois, identificando a maturidade psicológica com esta forma existencial do Eigenwelt singular.

Se o indivíduo não desenvolve interesses fora de si mesmo – ainda que formando parte de si mesmo – viverá em um nível mais próximo do animal que do homem. Em outras palavras: o critério de maturidade que caracteriza o adulto pleno requer a autêntica participação do indivíduo em alguma esfera significativa da atividade humana. Ser partícipe é muito mais que ser ativo. Assim, todos nós entramos em contato com muitas esferas da atividade humana: econômica, educativa, recreativa, política, doméstica, religiosa etc. Seria pedir muito de alguém, ainda que amadurecido, que se interessasse apaixonadamente por todas estas esferas de atividade. Mas, se não se desenvolvem interesses autônomos em algumas destas áreas, se algumas delas não entram na esfera do si-mesmo, se não nos relacionamos profundamente com algumas delas, então não podemos dizer que somos personalidades maduras.

Se nosso trabalho, nossos estudos, nossas aflições, nossa família, nossa relação com a política ou com a religião, não nos interessam, não nos absorvem, não nos entusiasmam, então não somos amadurecidos. A participação autêntica oferece uma direção à vida. A maturidade psicológica progride na proporção em que nossas vidas deixam de estar centradas na imediata proximidade do corpo e do Eu.

O amor próprio é um fator predominante e iniludível, mas não é necessário que seja dominante ou exclusivo. Todos têm amor a si mesmos, mas somente a expansão lúcida e sadia do si-mesmo é sinal de maturidade. Para tanto há que se manifestar o verdadeiro sentimento de alteridade, e, ainda, que o outro nos frustre, temos o dever de aumentar ao máximo possível nossa capacidade de tolerar as frustrações, que são inevitáveis em nossas existências.

(b) A forma anônima – neste modelo de conduta o indivíduo obscurece sua identidade, oculta e a disfarça. E, isto tudo, com o objetivo de que nem ele e nem os demais sejam considerados responsáveis por seus atos. Este ser vive e atua em uma espécie de coletividade anônima, destruindo, assim, sua própria individualidade.

O anonimato é usado pelos indivíduos para executar os atos para os quais necessitam não assumir responsabilidade como seres identificáveis. Desta maneira, dizem os existencialistas, vive-se uma vida inautêntica, falsa e no limite da anormalidade. Por exemplo: as pessoas conformistas que mudam suas condutas segundo as circunstâncias, que são submissas com os superiores e déspotas com os inferiores. É, também, o caso do bailarino que usa máscara, ou o do soldado que mata ou é morto por desconhecidos.

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