A escolha deste tema se deve ao fato de que minha formação acadêmica em Psicologia não me forneceu maior aprofundamento sobre de que forma a atuação nesta área da saúde pode colaborar no ambiente de trabalho.
O que me motivou de maneira sem igual a escrever sobre tal assunto foi poder adentrar ainda mais no campo das psicopatologias e com a ajuda das leituras das obras de Dejours, compreender como se dá o sofrimento humano no meio ocupacional e, da mesma forma, como os distúrbios psíquicos podem ou não se manifestar neste ambiente e como isto acontece.
Contudo, meu foco neste trabalho é esclarecer como podemos manter saúde psíquica em um ambiente de trabalho, onde tensões diárias fazem parte da rotina do trabalhador.
Suposição
Supõe-se que a insatisfação do indivíduo no meio ocupacional pode acarretar prejuízos em sua esfera mental, física e psicossocial, pois, uma vez que a subjetividade do trabalhador é colocada em segundo plano, e sabendo-se que este é indivisível por natureza, logo haverá então a degradação da saúde do trabalhador.
Objetivos da Pesquisa
Objetivo Final
O objetivo final deste trabalho foi compreender a lógica do sofrimento humano nas empresas, e de que forma a relação trabalho e trabalhador pode desencadear psicopatologias no trabalho, levando em consideração um breve estudo de caso acerca do tema.
Objetivos Intermediários
Abordar o tema do sofrimento do trabalhador, buscando problematizar o tema sofrimento no trabalho, tratar a relação trabalho x trabalhador, identificar as causas que contribuem para a deterioração da saúde do trabalhador, tentando contribuir, assim, para o debate sobre sua implicação no meio ocupacional.
Segundo MENDES (1999), em "Valores organizacionais e prazer-sofrimento no trabalho; os valores podem ser fontes geradoras de prazer no trabalho, ou estresse, sofrimento. As vivências de prazer-sofrimento formam um único constructo composto por três fatores: valorização e reconhecimento, que definem o prazer; e desgaste com o trabalho, que define o sofrimento.
Penso que o prazer é vivenciado quando são experimentados sentimentos de valorização e reconhecimento no trabalho. A valorização é o sentimento de que o trabalho tem sentido e valor por si mesmo, é importante e significativo para a organização e a sociedade. O reconhecimento do bom trabalho desenvolvido é o sentimento de ser aceito e admirado no trabalho e ter liberdade para expressar sua individualidade. O sofrimento é vivenciado quando experimentado o desgaste em relação ao trabalho, que significa a sensação de cansaço, desânimo e descontentamento com o trabalho. Assim sendo, prazer-sofrimento são vivências de sentimentos de valorização, reconhecimento e/ou desgaste no trabalho.
Neste trabalho não se pretende atribuir à organização a responsabilidade pelos males da vida de um trabalhador, e nem negar o sofrimento. O interessante é entendê-lo, e tentar encontrar um mediador de saúde física e psíquica. Devemos, então, também como psicólogos perceber o sofrimento, a angústia alheia.
"Perceber o sofrimento alheio provoca uma experiência sensível e uma emoção a partir das quais se associam pensamentos cujo conteúdo depende da história particular do sujeito que percebe: culpa, agressividade, prazer etc. A percepção do sofrimento alheio provoca, pois, um processo afetivo". (DEJOURS,1999, pp.45-46)
E só conseguiremos fazer este trabalho de percepção, através da nossa própria ferramenta: a escuta, a "ausculta da alma". A escuta de um psicólogo é uma escuta diferenciada dos demais, já que aprendemos ao longo de nossa formação acadêmica, as técnicas, linhas teóricas que escolhemos para utilizá-las no nosso "ouvir". Com esse instrumento podemos entrar em um mundo (do outro) cheio de mistérios e indagações que uma pessoa do senso comum não conseguiria isso nos torna diferente dos demais no mundo do trabalho, já que podemos ajudar o outro quando nem o mesmo sabe o que está acontecendo com ele. Esse diferencial no trabalho do psicólogo fica evidente.