Brierre de Boismont nasceu a 18 de outubro de 1797 em Rouen, onde começou seus estudos de medicina, concluídos em Paris em 1825; mas, proveniente de um meio abastado, teve seus recursos financeiros cortados, em conseqüência de um casamento que sua família desaprovava. Para poder subsistir, aceitou um emprego de médico na casa de saúde Saint-Marcel-Sainte-Colombe, na rue de Picpus, enquanto freqüentava o serviço de Pariset na Salpêtrière e o de Dupuytren, cirurgião da Santa Casa. Em 1831, foi enviado em missão à Polônia, com Ch. Londe e Cl. Sandras, para fazer pesquisas sobre o cólera (cuja contagiosidade contestava). Em 1838, assumiu a direção da casa de saúde da rue Neuve-Sainte-Geneviève e dois anos depois, embora calorosamente recomendado a Lamartine, então deputado monarquista, por seu amigo Alfred de Vigny, foi preterido pelo orleanista A. de Faville na sucessão de Esquirol em Charenton. Em 1847, comprou a casa de saúde do Dr. Pressat, na rue du Faubourg-Saint-Antoine, deixando para sua filha, Madame Rivet, o estabelecimento da rue Neuve-Sainte-Geneviève, que seria transferido em 1859 para Saint-Mandé, onde faleceu a 25 de dezembro de 1881.
Profundamente religioso, letrado, apreciador de viagens, escritor de estilo fácil, Brierre de Boismont colaborou, desde a sua criação em 1843, nos Annales Médico-Psychologiques, cuja direção dividia com Baillarger e Cerise, de 1850 a 1855. Ao mesmo tempo, fazia parte do Conselho geral da Associação dos Médicos da França, do conselho de administração do jornal L'Union Médicale, e seria sucessivamente secretário de sessões, secretário geral, vice-presidente e presidente da Sociedade Médico-Psicológica, de cuja fundação participou em 1852.
Se já em 1826 apresentou uma "Monografia sobre a monomania homicida", seguida em 1829 de uma "Monografia sobre as congestões epileptiformes nos alienados", suas preocupações científicas iniciais se diversificaram, pois em 1825 publicou Elementos de botânica, em 1832 uma Antropotomia ou tratado elementar de anatomia, e em 1833, com Marx, as Lições de clínica cirúrgica de Dupuytren. Mas foi principalmente autor de muitas publicações consagradas à medicina mental, nas quais transparece a sua orientação espiritualista, em diversos periódicos, assim como duas obras de conjunto, um importante tratado Das alucinações, publicado em 1845, reeditado em 1852 e em 1861, e um tratado Do suicídio e da loucura suicida, que teria duas edições, em 1856 e em 1865.