Falar de Belhomme é evocar principalmente a "casa Belhomme" e as "pensões burguesas" destinadas aos alienados abastados, que floresceram em Paris no fim do Ancien Régime. Tenon enumerou dezenove delas, concentradas nos bairros de Saint-Antoine, Saint-Jacques e Montmartre. A maioria serviria de lugares de detenção, por ocasião do Terror.
Jacques Belhomme nasceu a 17 de junho de 1737, em Mesnil-Conteville, perto de Beauvais. Exercia seu ofício de marceneiro em Paris, no subúrbio de Charonne, quando em 1765 um nobre afortunado confiou o filho "idiota" aos seus cuidados. Foi a guinada na carreira de Belhomme, que percebeu no fato uma atividade mais lucrativa do que a marcenaria, e recebeu como pensionistas outros deficientes mentais, de modo que, três anos depois, como a sua casa na rue des Boules se tornou muito pequena, mudou-se para a rue de Charonne. Nascia a Maison Belhomme. Para justificar o seu caráter médico, empregou médicos, e Philippe Pinel (!) teria começado ali o seu aprendizado da patologia mental. Quando, em 1791, a Assembléia Constituinte fez o recenseamento geral das "pessoas detidas (…) em virtude de ordens de prisão ou de ordens particulares", soube-se que Belhomme, "chefe de pensão", era responsável por 47 protegidos.
Nunca saberemos graças a que cumplicidades, a troco de que "contribuições", a que preços exorbitantes ele conseguiria abrigar oficialmente durante o Terror tantas cabeças afortunadas e subtraí-Ias ao Tribunal Revolucionário, pelo menos durante o tempo em que o estado de suas rendas fosse compatível com a tarifa da pensão. Mas em 1794, Belhomme foi denunciado e preso. No entanto, os bons relacionamentos continuaram a atuar. Escapou ao Tribunal Revolucionário e foi condenado a uma pena de prisão, o que lhe permitiu, depois da tempestade, retomar a direção do seu estabelecimento, no qual, durante os anos da revolução, os alienados passaram um tanto para segundo plano.
Quando morreu, a 16 de setembro de 1824, seu filho mais velho, Jacques-Étienne, lhe sucedeu. Este era médico.