RedePsi - Psicologia

Notícias

Descobertas da genética ampliaram teorias de Darwin

As descobertas da área de genética, a partir do trabalho de Gregor Mendel (1822-1844), permitiram que os cientistas entendessem melhor como ocorre, na prática, a evolução das espécies proposta por Charles Darwin (1809-1882). A seleção natural, considerada a grande "sacada" do naturalista, ganhou a companhia de eventos como mutação e a recombinação genética entre os fatores que promovem a evolução.

As descobertas da área de genética, a partir do trabalho de Gregor Mendel (1822-1844), permitiram que os cientistas entendessem melhor como ocorre, na prática, a evolução das espécies proposta por Charles Darwin (1809-1882). A seleção natural, considerada a grande "sacada" do naturalista, ganhou a companhia de eventos como mutação e a recombinação genética entre os fatores que promovem a evolução.

Segundo a chamada Teoria Sintética da Evolução, a seleção natural não é o único mecanismo evolutivo –algumas das variações nas espécies não são, necessariamente, produtos da seleção natural.

Essa visão, contudo, não traz descrédito à teoria de Darwin, que continua sendo a pedra fundamental dos estudos da biologia contemporânea. O entendimento, segundo cientistas, é o de que existe um "pluralismo de processos naturais" que trabalham, simultaneamente, a evolução.

"Não há dúvidas de que a seleção natural seja capaz de explicar as mudanças dos seres. Mas muitas mudanças que podem ocorrer na evolução não são ocasionadas pela seleção natural", afirma Diogo Meyer, professor de biociências da Universidade de São Paulo (USP).

Ele exemplifica essa ideia com o "fator sorte". "Existe o componente da sorte, ou seja, aquele que não é, fundamentalmente, o mais apto à sobrevivência, mas que teve o acaso de passar seus genes para outras gerações. Algo que é sutilmente ruim pode se tornar comum", diz.

Charbel El-Hani, professor do Instituto de Biologia da UFBA (Universidade Federal da Bahia), aponta para outra característica pouco estudada por Darwin: a geografia. "Ele chegou a pensar no isolamento geográfico, mas abandonou a ideia, devido ao pensamento científico da época, centrado na física, implicando que as causas operem o tempo todo. A conclusão foi a de que o isolamento acontece ou não, não é regular."

Hoje, contudo, a percepção científica disso mudou. Meyer, que estuda as diferenças genéticas entre populações humanas, assinala que há muitas diferenças entre elas, que nada têm a ver com a seleção natural.

"Não há muitas diferenças genéticas entre as populações, mas as que existem devem ser estudadas. A malária, por exemplo, moldou a característica genética da população africana. É uma informação biológica interessante. Há diferenças genéticas entre populações da Amazônia e da Sibéria", observa.

Desafios para o futuro

Outras questões geradas a partir de "A Origem das Espécies" deixam os cientistas intrigados em alguns aspectos. "A descoberta de que o homem é mais próximo ao chimpanzé do que ao gorila foi feita há pouco tempo", lembra Meyer. "É preciso entender qual é a árvore da vida, como ela se conecta em termos de parentesco. É como se fosse uma genealogia."

"O desafio agora é pesquisar o conjunto de genes em populações, por exemplo, de pessoas com estatura mais alta: qual combinação de genes as fizeram assim e como a seleção natural influenciou –como muitos genes interagem entre si para dar uma forma à vida", explica Meyer.

Já El-Hani aposta que uma nova teoria, a partir das bases contemporâneas, está em construção. "Há a necessidade de integração, uma teoria que agregue os novos mecanismos, o pluralismo de processos com relação à evolução. Sabemos que existe a seleção natural, a derivação genética, os efeitos de regulação do desenvolvimento, a auto-organização de espécies, populações e organismos. A pergunta é: como esses mecanismos trabalham juntos?"

Darwin, segundo ele, também teve épocas de impopularidade entre cientistas. "É importante citar que sempre houve discussão, ou adoção de outro pensamento em determinadas épocas. Criacionistas sempre criticaram que a teoria nunca tenha sido colocada em questão, mas foi. A partir disso, houve complementos à teoria original."

Fonte: Folha Online

Acesso à Plataforma

Assine a nossa newsletter