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Uma crise na psicanálise: o enfrentamento

Em seu exemplar de junho de 2001, a Revista Francesa de Psicanálise, órgão oficial da Sociedade Psicanalítica de Paris, filiada à IPA, publicou um número especial sobre as correntes da psicanálise contemporânea. Um dos artigos, o de Gilbert Diatkine, fazia considerações questionáveis, especialmente para os psicanalistas de orientação lacaniana. Ao lê-lo, Jacques-Alain Miller mandou uma carta de vinte linhas a Paul Denis, editor da revista, pedindo-lhe que a publicasse, com base nos preceitos que regem o direito de resposta. O pedido foi negado, injustificadamente
Em seu exemplar de junho de 2001, a Revista Francesa de Psicanálise, órgão oficial da Sociedade Psicanalítica de Paris, filiada à IPA, publicou um número especial sobre as correntes da psicanálise contemporânea. Um dos artigos, o de Gilbert Diatkine, fazia considerações questionáveis, especialmente para os psicanalistas de orientação lacaniana. Ao lê-lo, Jacques-Alain Miller mandou uma carta de vinte linhas a Paul Denis, editor da revista, pedindo-lhe que a publicasse, com base nos preceitos que regem o direito de resposta. O pedido foi negado, injustificadamente
Tal recusa foi a gota d’água que fez transbordar uma longa história de ataques, difamações, injúrias e calúnias assacados por analistas contra colegas que não comungam de suas idéias, certos que estão os autores de sua total impunidade, uma vez que acreditam que analistas não respondem, interpretam; que analistas não se defendem, deixam passar; que analistas têm um lugar à parte no mundo e, ainda, que ataques a colegas são maneiras de ascensão profissional.

Jacques-Alain Miller submeteu o caso ao tribunal da opinião pública, convocado por todos os meios: cartas, revistas, entrevistas, textos, notícias, etc. Começou a escrever as “Cartas Dirigidas à Opinião Esclarecida”, três das quais já publicadas, em francês, e duas em português, nas quais disseca o assunto e os responsáveis e, revisitando a história e encarando o futuro, provoca um aggiornamento. A crise existe, não deve ser encarada como questiúnculas de bairros ou de salões literários. O tema, em suas várias vertentes, pode ser apreciado e debatido por todos quantos queiram discutir a psicanálise, nas instituições e além delas; por aqueles que compreendem o conceito de psicanalista-cidadão; pelos que lutam pelo fim de injúrias levantadas por psicanalistas contra colegas; pelos que desejam, no Século XXI, um lugar renovado para a psicanálise.

Jorge Forbes

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As duas cartas de Jacques-Alain Miller somente foram editadas em papel. A primeira tem 16 páginas, a segunda, 32. Podem ser encontradas nas livrarias a seguir enumeradas, ou nas Seções da Escola Brasileira de Psicanálise. Notícias sobre a crise e sobre assuntos de interesse estão no site : http://agencelacan.online.fr/

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