"Um procedimento que ao lançar um paciente recém-saído de uma psicose de volta a uma reexperiência do ataque psicótico, constitui um tratamento de choque psicodramático. O paciente é solicitado a mergulhar de novo na experiência alucinatória quando esta ainda está bem nítida em sua mente. Não se pede que ele a descreva; deve representá-Ia em atos. Coloca o corpo na posição em que estava então e age como agiu então. Pode escolher quaisquer membros da equipe a fim de recriar a situação alucinatória. Isto faz do procedimento um 'psicodrama'. Geralmente, o paciente manifesta uma resistência violenta contra ser jogado de novo na experiência dolorosa de que acabou de escapar. Fazer isso, apesar de um medo violento, produz um 'choque'.
Atuar ao nível psicótico num momento em que ele ainda está extremamente sensível à síndrome mental dissipada, faz com que o paciente aprenda a controlar-se. É um treinamento para domínio de invasões psicóticas, não através de análise, mas através de uma reconstituição das experiências psicóticas de ato em ato, de papel em papel, de alucinação em alucinação, até que toda a esfera da psicose seja projetada no palco terapêutico. É uma terapia preventiva. O paciente é treinado para desenvolver controles espontâneos com os quais possa evitar a súbita deflagração de uma invasão psicótica. O procedimento produz um efeito catártico. O procedimento psicodramático, diferenciado de outros métodos de choque que deixam o paciente desarticulado e sem ação, insiste em que o paciente reproduza com o seu próprio corpo aquele mundo fantástico em que ele esteve perdido."