Expressão formulada por S. Freud para designar (cronologicamente) o segundo estágio de desenvolvimento libidinal ou psicossexual, seguindo-se imediatamente ao estágio primário ou oral. A fase (ou estágio) anal subdivide-se em primeira fase anal, que ocorre comumente no terceiro e quarto anos de vida, e a segunda fase anal, entre os quatro e seis anos.
1. A primeira fase anal caracteriza-se pelo prazer na passagem da massa fecal (ou "vara fecal") pela membrana mucosa anal da sensível área de junção muco-cutânea. Nesse período, as crianças retêm suas fezes com o objetivo de aumentar o estímulo sensorial através do maior volume da massa, com um aumento secundário da pressão expulsiva. Além do prazer sensorial anal direto, poderá ocorrer também o prazer do "intento de hostilidade", uma vez que a massa fecal expelida pode representar para a criança um objeto que é destruído na expulsão.
2. A segunda fase anal ocorre geralmente no período entre os quatro e seis anos de idade, no desenvolvimento libidinal (emocional) de uma criança. É marcado pelo prazer e o interesse predominantes na retenção das fezes. Contrapõe-se diretamente à primeira fase anal, que se caracterizou pelo prazer anal excretório expulsivo. Nesta segunda fase, as fezes são tratadas como uma possessão de um valor extraordinariamente alto.
Muitos traços adultos de avareza, entesouramento e interesse em coleções, como passatempo, encontram aqui o seu protótipo. Todo o folclore está repleto de observações que equiparam a identidade do excremento ao dinheiro e ao ouro. Como exemplos dessa identidade inconsciente, temos frases como "podre de rico", "lambuzado de dinheiro", "o dinheiro fede", "ele gosta de sentir à sua volta o cheiro do dinheiro" etc.
Com freqüência, a solicitude excessiva da mãe ou da babá em relação à regularidade da evacuação da criança serve para intensificar essa tendência para supervalorizar as fezes; assim, quando retidas, elas tornam-se um instrumento poderoso para fazer com que as atenções e solicitude dos adultos se concentrem todas na criança. Quando o excremento é finalmente evacuado, ele é utilizado como um presente, urna dádiva generosa à mãe ansiosa.