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Uma introdução ao conceito de pulsão

Resumo
 

O termo pulsão é um dos mais polêmicos na obra Freudiana. A extensa gama de significados e conotações do termo em alemão aumenta a polêmica. Há séculos, era empregado na linguagem corrente, bem como nas linguagens comercial, religiosa, científica, e filosófica.

A pulsão (trieb) pode tanto assumir a forma de um “instinto” quanto de um “querer”, enquanto base não-volitiva e categórica. Situa-se, pois, anteriormente a ambos. É algo genérico e impessoal, maior que o sujeito isolado, algo atemporal. A pulsão simplesmente existe; tal qual o “impulso de respirar”, ele é a “base do próprio querer”, a base a partir da qual se gera a necessidade, a ânsia, a vontade, o querer e o desejo. Não é de imediato percebido como torturante ou desagradável, torna-se torturante se não o realizarmos – por exemplo, não respirar, não comer.           

À pulsão é um processo dinâmico, que impulsiona o organismo em direção a uma meta, o equilíbrio do estado de tensão na fonte pulsional. O termo pulsão só  aparece na obra Freudiana em 1905, mas desde o projeto de 1895, Freud já coloca a idéia de excitações externas e internas, às quais deveriam ser descarregadas assim que abalassem o princípio de constância. Nós poderíamos fugir das excitações externas, mas não das internas e nisso se basearia a “mola pulsional” dos mecanismos psíquicos.           

E “As pulsões e seus destinos” Freud logo na primeira página diz: “A teoria das pulsões e, por assim dizer, nossa mitologia”, ressalta tanto que apesar de uma teoria  científica emergir a partir de uma série de fatos empíricos, ela implica um conjunto de conceitos que não são retirados dessas observações mas que lhes são impostos a partir de um lugar teórico, não são noções descritivas, mas construtos teóricos.           

A pulsão em Freud nunca se dá por si mesma ( nem a nível consciente, nem a nível inconsciente), ela só é conhecida pelos seus representantes: a idéia e o afeto. Pulsão, diz Freud, é “um conceito situado na fronteira entre o psíquico e o somático”, ou ainda o representante psíquico dos estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam a mente. É importante não confundir a pulsão enquanto representante dos estímulos internos com os representantes psíquicos da pulsão, lembrando que a pulsão nunca pode tornar-se objeto da consciência e que mesmo no inconsciente ela é sempre representada por uma idéia ou por um afeto.           

É um conceito entre o psíquico e o somático, no sentido em que diz respeito a um “representante”, uma delegação do somático ao psiquismo: a pulsão tem sua fonte em fenômenos somáticos, mas  tem um destino basicamente psíquico, ela é um estímulo para o psíquico. A pulsão é algo de fora que impulsiona o trabalho no aparelho psíquico, sem ser regida pelos mesmos princípios destes, senão através de seus representantes. Freud aponta, assim, o fato da pulsão , antes de ser um limítrofes, ser um articulador destes dois conceitos.           

O conceito de pulsão tem por referenciais, a fonte, um processo somático que ocorre num órgão ou parte do corpo, a pressão, a quantidade de força que ele representa, a finalidade, que é sempre a satisfação; e o objeto, a coisa através da qual a pulsão atinge sua finalidade.

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