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O incondicionado e a transcendência em Jaspers

Para Jaspers: O incondicionado e a transcendência – se o conhecimento de quem procura orientar-se na objetividade do mundo se submete às condições da verdade necessária ou apodíctica (zwingende Wahrheit), a existência possível, essa, única, concreta  e concretamente situada, se enraíza em uma verdade diferente: o absoluto ou, caso se prefira, o incondicionado (das Unbedingte). A existência não é possível senão em face da transcendência, a qual só tem sentido pela existência. O absoluto projeta-se no tempo pelo ato livre, historicamente situado no seio das realidades empíricas e das circunstâncias particulares. Mas este ato tem outra origem e o seu verdadeiro lugar está alhures.

A existência como possível liberdade não se criou a si mesma. Ela é para si mesma uma dádiva da transcendência. O fato de o homem partilhar, pela sua liberdade existencial, do absoluto, não lhe dá nenhuma autosuficiência. Pelo contrário. A liberdade vive da dependência em relação à transcendência, que é sua origem. A dependência do absoluto libera-a das necessidades relativas. Sartre pensa que, se Deus existe, não existe a liberdade humana. Para Jaspers, é o contrário: sem vínculos com a transcendência, não existe liberdade. A partir da certeza eterna do "eu sou", à qual, todavia, não pode atribuir qualquer conteúdo objetivável, a existência é fonte de sentido e de atos incondicionados.

Assim, por exemplo, quando Giordano Bruno preferiu a fogueira à negação de uma evidência totalmente científica e racional, a sua escolha não foi racional, mas, na verdade, existencial. Se o homem podia saber o que é o eu, o sujeito, como conhecia as realidades objetivas, saberia igualmente o que são a verdade e a evidência. Mas, verdade e evidência perderiam logo o seu sentido como valores, como convicções existenciais da falta de liberdade.

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